Brasil 1987 - 2019: Que país é este?

Explicando melhor o título desse texto, faço referência à canção composta por Renato Russo em 1978 e lançada no disco da Legião Urbana em novembro de 1987, ou seja, passaram-se quase 32 anos e nada mudou. O nosso país continua desigual, com boa parte da população necessitando de condições básicas de sobrevivência numa sociedade extremamente competitiva. Entre essas condições posso citar o acesso à educação, à saúde, à moradia, ao emprego, entre outros itens necessários para que um cidadão possa viver com dignidade. Tudo isso citado está na Constituição Federal de 1988, ou seja, o nosso texto constitucional prega que todos têm direito à uma vida digna e igualitária.

Entretanto, como nós sabemos não é isso que acontece no dia a dia. O Brasil evoluiu muito após o fim da ditadura militar e o início da era democrática, mas precisamos crescer em diversos fatores. É visível que o racismo ainda existe em nossa sociedade, os melhores empregos são destinados a brancos e os negros ficam com as migalhas do mercado competitivo. Isso é consequência do que foi dito anteriormente sobre o acesso à educação, ou seja, no Brasil só tem ensino de qualidade aqueles que detêm de um poder aquisitivo superior. Pode ser que tenhamos uma ou outra escola pública de qualidade, mas isso infelizmente é raridade. Quando é descoberta uma dessas escolas, torna-se reportagem a nível nacional, o que deveria ser comum, pois o trabalhador já paga seus impostos para que ele e seus familiares tenham esse ensino fortalecido. O mesmo acontece com a saúde, com a moradia e com o emprego.

A luta de classes é algo antigo e que sempre irá existir no mundo, depois que o homem inventou o dinheiro para distinguir o que é de cada um, a luta sempre será inevitável. Contudo, já que a perfeição não existe, é possível um mundo competitivo com mais oportunidade para todos. Nosso país só irá realmente crescer quando os detentores das riquezas gerarem chances para os mais necessitados. Assim, teremos uma economia girando em torno de todos. Infelizmente não são todos os empresários que enxergam desta forma. Acham que a concentração de riquezas é algo interessante para o país e defendem a ideia de meritocracia. É muito claro que a opressão social gera aumento da violência, do desemprego e dos sofrimentos. Até mesmo o próprio setor empresarial perde com isso, pois um povo sem dinheiro reflete um mercado estagnado. Tenho muito orgulho em viver no Brasil, ou melhor, de ser brasileiro. Não temos conflitos militares com outras nações, não temos catástrofes naturais de grande porte, somos um povo acolhedor e feliz, qualidade essa que é reconhecida pela comunidade internacional. Mas as velhas políticas conservadoras vêm estragando o que nós temos de precioso.

O atual governo não fala em outra coisa a não ser em armamento e opressão. Realiza cortes enormes na educação que é o setor primordial para o crescimento social. Também estamos convivendo com políticas devastadoras em relação ao meio ambiente. A Amazônia está sendo dizimada por mero interesse político. Deveríamos estar falando em meios alternativos para a geração de energia, deveríamos estar falando na melhor administração do nosso petróleo. Mas não, o foco é outro. O foco é a destruição de tudo o que o Brasil tem de melhor. No fim das contas quem sofre as consequências é o trabalhador que sempre ajudou a construir um país melhor. O sistema político brasileiro vive um verdadeiro caos. Os três poderes não vivem na harmonia que deveriam viver. Pelo contrário, temos um executivo que ultrapassa e abusa do poder, um legislativo que não pensa na coletividade e um judiciário completamente parcial. Aonde iremos parar? Como já perguntava Renato Russo, que país é este? As respostas nós não somente temos como sentimos na pele todos os dias. O Brasil tem chances de voltar a crescer, mas a devastação deve ser parada já, caso contrário, teremos danos gravíssimos.

Caique Gabriel Pereira dos Santos

Estudante de Direito - Universidade Nove de Julho (Uninove)

São Paulo - SP